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Por Fátima Borges
Nesse momento delicado que vivemos, com Covid-19, isolamento social, distanciamento de entes queridos e em muitos casos, falta de renda, temos visto muitas notícias de casos de suicídio. Mas, como podemos conceituar o suicídio?
Para muitos, o suicídio pode ser conceituado como uma fuga de uma situação intolerável. Entretanto, a maioria das pessoas conceitua o suicídio como um ato corajoso, quando o motivo é visível, ou como loucura, quando este ato provém de uma luta interna e invisível. Contudo, independente dos conceitos, o suicídio, causa um imenso impacto a todos.
Para Freud, “Os suicidas poderiam ser considerados assassinos disfarçados”. Segundo ele, o objetivo do suicida não é a auto-destruição, mas a destruição de outro sujeito, um objeto perdido, com quem se identificou. Além de amar, ele também odeia o objeto, devido à rejeição sofrida. Este ódio é a causa da depressão, e a tentativa de suicídio pode ser uma expressão da agressão contra o objeto internalizado, ao invés de ser contra o seu próprio eu.
Freud, considera o suicídio como o ato final dessa raiva internalizada, pois o indivíduo não está ciente dos seus sentimentos agressivos. Os atos de um suicida não parecem ter nada a ver com o objeto amado ou com a perda.
A hipótese de que em todo indivíduo há um instinto de morte, com o objetivo de retornar o objeto em conflito ao estado de calmaria, foi formulado por Freud. Para ele, quando o instinto de morte torna-se mais forte do que o de vida, o resultado é o suicídio.
O suicídio é originado de imitação e contágio comportamental, e do ponto de vista fisiológico, está ligado a baixos níveis de Serotonina, que podem ser causados por estresse ou fatores genéticos.
A desesperança é reconhecida universalmente como sendo o maior fator de suicídio, mas não há critérios capazes de previni-lo, contudo, é bom ficar atento ao ouvir, frases que conste a intenção, pois esta é uma maneira que o suicida encontra para pedir socorro.
O provérbio que diz “cão que ladra não morde” não é válido nestes casos, pois o grito de socorro nestas situações não é um fim, mas um meio, e é por isso que esses gritos não acontecem uma única vez, mas diversas vezes e de diferentes formas.
A escolha da maneira como ocorre o suicídio, está ligado com o acesso a instrumentos e situações que facilitem o ato. Por exemplo: ingerir drogas legais em excesso é uma maneira aceita em determinados países, já a overdose de drogas ilícitas é mais comum entre jovens, muito embora, também sejam usadas armas de fogo e brancas, assim como saltos perigosos.
Quem sobrevive a uma tentativa, ou que seja mapeado sua intenção ou seu potencial suicida, necessariamente deverá ter um acompanhamento psiquiátrico e psicológico, devendo ser trabalhado seus pensamentos, ideias, desejos, motivações, intenções e planos suicidas. Com isso, pode-se saber se o sujeito acreditava que esse método acabaria com sua vida e se sobreviver é realmente um desapontamento.
Como a depressão é um fator de risco, o clínico deve saber os critérios diagnósticos para a depressão e encaminhar o indivíduo a um profissional especializado no assunto.
É importante lembrar que o suicida não é a única vítima. Para os familiares e amigos, resta a dúvida, o medo, a raiva e a dor da perda, necessitando também de assistência psicologia.
MITOS SOBRE O SUICÍDIO
ALGUMAS EXPLICAÇÕES COGNITIVAS PARA O ATO SUICIDA
* Dra. Fátima Borges – Psicóloga Clínica, Escolar, Organizacional e Comunitária. Formação Psicanalítica e Comportamental